segunda-feira, 30 de agosto de 2010

CARTA DE UM ADOLESCENTE


“Eu preciso dialogar com vocês”. Este é um trecho lacônico da carta que um jovem adolescente dirige a seus pais procurando obter deles apoio e compreensão.

Veja o texto da Carta

“ Meus pais, sei que há culpados pelas minhas inquietações, pelas minhas indecisões, pela minha insegurança. Vocês também foram frutos de uma educação confusa. Entretanto, ainda é tempo de procurarmos corrigir, para que os meus filhos não sejam, também, resultado de meus erros de educação.

Quantas vezes, embora estando na mesma casa, no mesmo cômodo, no mesmo sofá, me sinto tão distante de vocês. Não é a distância de gerações. É a chamada distância de comunicação. Vocês não procuram me entender, não procuram lembrar de que também foram adolescentes e que, portanto, foram inseguros, sequiosos por uma palavra de apoio, desejosos de afirmação pessoal. Eu preciso dialogar com vocês.

Querem que eu seja um adulto, mas me prendem tanto que me tolhem qualquer iniciativa. Tratamento como se fosse, mas exigem que eu tenha responsabilidade de adulto. Eu não sou mais criança, mas também ainda não sou adulto. Sou adolescente, estou numa fase de transformação. Sou sedento de responsabilidade. Quero iniciativa. Quero ter o direito de cometer os meus erros para, eu próprio, poder aprender que na vida as pessoas são livres, mas também são responsáveis por suas ações. Mas muitos erros poderiam ser evitados se houvesse um diálogo com vocês. Seu eu não me sentisse como um criminoso diante de um tribunal. Eu preciso dialogar com vocês.

Meu pai e minha mãe, a cada dia que passa, embora possa abraçá-los, sinto que a distância entre nós aumenta. Não a chamada distância física, mas afetiva. Vocês, como pessoas adultas que têm mais experiência de vida, procuram evitar que esta distância continue a aumentar. Até pelo contrário, procuram reduzi-la a ponto de poder sentir aquele calor afetivo que recebia quando era um recém-nascido. Procurem me entender como um ser em transformação num mundo em transformações bruscas e colossais. Não queriam que eu seja uma criança dependente nem nenhum adulto dono de sua vida. Eu preciso dialogar com quem possa me entender. Não permitam que eu encontre, fora do meu lar, as pessoas com quem eu possa dialogar, mas que não tem condições de dar, eu preciso dialogar com vocês.

Deixem um pouco as suas distrações e até mesmo um pouco de seus afazeres, mas dialoguem um pouco comigo, não como uma criança dependente nem como uma criança dependente nem como uma criança independente, mas como um adolescente. Em um futuro, verão que este diálogo implorando compensou, extraordinariamente, o tempo despendido comigo.”

OBS.: Um jovem escreveu uma carta a seus pais. Em conteúdo, observa-se que toda ânsia do jovem está na necessidade de poder conversar com seu pai e sua mãe. Conversar, realmente, em termos de diálogo, de interação, de relacionamento positivo. Este jovem, em sua carta, manifesta a grande necessidade da juventude: dialogar com quem pode oferecer-lhe atenção, apoio e mesmo incentivo.